.comment-link {margin-left:.6em;}

eTRhOTEL

terça-feira, janeiro 10, 2006

SANTA LIBERDADE

É já no próximo sábado 14 de Janeiro que estará em exibição no Cine Teatro de Estarreja o Filme "Santa Liberdade".
Tem início marcado para as 21h30 contando com a presença da realizadora Margarita Ledo Andiõn e de Camilo Tavares Mortágua.




Assalto ao Santa Maria

Sob o nome de código “Operação Dulcineia” em Janeiro de 1961 deu-se o heróico assalto ao paquete "Santa Maria", proeza que na época notabilizou a contestação ao Governo de Oliveira Salazar, e introduziu a prática, depois muito difundida internacionalmente.

Embora o "Infante Dom Henrique" e o "Príncipe Perfeito" fossem mais recentes, o "Santa Maria" era um navio de prestígio por excelência, situação a que não era estranho o facto de ser o único navio de passageiros português a manter uma ligação regular entre Portugal e os Estados Unidos da América.












O "Santa Maria" havia largado de Lisboa a 9 de Janeiro de 1961 em mais uma das suas viagens regulares à América Central, fazendo escala no porto venezuelano de La Guaira no dia 20.

Entre os passageiros embarcados neste porto, contava-se um grupo de 20 membros da DRIL - Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, organismo constituído por opositores aos regimes de Franco e Salazar, cujo comandante era o capitão Henrique Galvão, que embarcou clandestinamente no "Santa Maria" um dia depois, em Curaçau, com mais três elementos da DRIL.

Galvão estava exilado na Venezuela desde Novembro de 1959, e em Julho de 1961 havia concluído os planos de assalto ao "Santa Maria". Fora escolhido este paquete por ser muito superior aos diversos navios de passageiros espanhóis que na altura faziam a carreira da América Central.



Dentro da nave, os 552 passageiros, bem como os seus trezentos e tal tripulantes, vivem a situação de reféns pois têm que obedientemente, submeter-se às condições impostas pelos assaltantes.
Contudo, por todo o lado, as perguntas; "para onde vamos", "quando chegaremos", "que irá acontecer", vão-se tornando audíveis.
A vida a bordo começa a ser insuportável. O ar condicionado deixou de funcionar, a água e víveres passaram a ser racionados e a liberdade, tanto de passageiros como de tripulantes, é restringida ao máximo.

A bordo do navio encontravam-se diversos Estarrejenses, entre tripulação e passageiros.
Mas mais curioso é contar-se entre os 24 homens que tomaram o Santa Maria o nome de um "Salreense"(viveu em salreu mas nasceu em Ul) Camilo Tavares Mortágua, então um jovem de 27 anos e co-fundador com Henrique Galvão e outros anti-fascistas portugueses e espanhóis do DRIL – Directório Revolucionário Ibérico de Libertação da Península Ibérica. Henrique Galvão refere-se de forma elogiosa a Camilo Mortágua nos seus livros “O Assalto ao Santa Maria” e “Da minha luta contra o salazarismo e o comunismo em Portugal”.

Das mensagens que o navio constantemente recebe, o que origina a que os oficiais telegrafistas se encontrem sujeitos a trabalhar cerca de 16 horas diárias, o capitão Galvão responde, com um comunicado, à National Broadcasting Company, de onde se extraem as seguintes palavras:
"A tripulação aceitou a tomada como um acto político ao abrigo da lei internacional e a maioria dos passageiros compreendeu e aprovou calorosamente a nossa acção...
Tendo assim aberto hostilidades contra o governo tirânico de Salazar, não podemos revelar nosso destino.
Procuramos atingir objectivos políticos de natureza meramente democrática..."

O sequestro, que envolve a morte de um tripulante e dois feridos graves, dura cinco dias. Ao 5.º dia, o navio é detectado por um avião norte-americano, comprometendo, assim, o objectivo do plano de sequestro em atingir a costa de África. No dia 2 de Fevereiro, depois de quase duas semanas de sequestro, o "Santa Maria" chega ao porto brasileiro do Recife, procedendo ao desembarque dos passageiros e tripulantes. O afundamento do paquete chega a ser considerado pelo governo Português. Os sequestradores antecipam-se e entregam-se, no dia seguinte, às autoridades brasileiras, obtendo asilo político.


Recuperado intacto, o "Santa Maria" volta à posse da Companhia Colonial de Navegação, regressando ao Tejo, a 16 de Fevereiro. Sete anos depois, é sujeito a uma profunda modernização, passando a fazer cruzeiros à Madeira, Canárias e Caraíbas. Em 1973, ainda na saída da barra de Lisboa, sofre graves avarias. Após o cancelamento dessa viagem, é vendido para a Formosa e desmantelado.

Independentemente dos aspectos políticos que na altura rodearam o caso "Santa Maria", este incidente acabou por fazer do navio o mais famoso dos paquetes portugueses.



Veja a apresentação do filme em baixo:






A entrada é gratuita e uma oportunidade única que vale a pena aproveitar.