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eTRhOTEL

terça-feira, janeiro 16, 2007

Sim no referendo não é um sim ao Aborto!

(imagem retirada do blog troll urbano)

Este blog apoia o Sim no Referendo por vários motivos mas principalmente pelo: basta de Hipocrisia, de olhar para o lado, do não querer ver o que realmente acontece à nossa volta.

Subscrevo esta declaração da Dr.ª Marisa Macedo por achar o que escreve a única forma possível de olhar para este problema de Saúde Pública, de Consciência Social, de direitos da Mulher.

Esta não é como muitos querem fazer parecer, uma questão política ou religiosa, até porque nestas questões somos livres para decidir o que escolher, o que aqui está em causa é isso mesmo ter a hipótese de decidir o que fazer e em condições dignas.

Oportunidade à dignidade



Julgo que no íntimo de cada um, não há quem seja a favor do aborto. Desde logo porque causa sofrimento no corpo e, pior, na alma. Ninguém recorre a tal prática de ânimo leve. Então porque é que existe?
Se calhar porque quem a ele recorre não vislumbra outra solução. Porque confrontadas com uma gravidez não desejada, as pessoas não descobrem alternativas. As razões são tão diversas como a vida de cada um.

Apesar de, nestas alturas de campanha, se falar muito de apoio às mulheres nesta situação, o certo é que, depois do pico noticioso, cada uma normalmente pode contar consigo, com a sua consciência e, com sorte, com uma ou duas pessoas mais próximas.

Se há ocasião em que as diferenças sociais saltam à vista, é quando algumas mulheres confrontadas com a sua realidade, decidem recorrer à interrupção voluntária da gravidez. A realidade nua e crua é que quem tem dinheiro consegue sempre forma de o fazer em segurança. Quem não tem, sujeita-se a fazê-lo em qualquer vão de escada.

Isto significa, em primeiro lugar, que a IVG é uma realidade que existe em todas as classes sociais. A forma como é praticada é que é diferente.

Em segundo lugar, o aborto não deixa de existir por ser proibido. Se fosse esse o caso já tinha terminado há muito. Então se existe, apesar de todas as proibições, mais vale encarar o problema de frente. Na minha opinião, há que desenvolver esforços no sentido de levar as mulheres a desistirem de recorrer a tal prática. Só o podemos fazer, se os profissionais de saúde tiverem ocasião de saber quem são e de falarem com elas antes de ocorrer. Ora isto só é possível se a IVG deixar de ser feita às escondidas. Frustradas todas as tentativas, se a mulher persistir no seus propósitos, então realize-se a IVG em condições dignas e sem julgamentos. Este é daqueles casos em que, na minha opinião, a consciência de cada qual é mais terrível do que qualquer sentença!

Em terceiro lugar, há uma outra questão muito importante: se a IVG for legal e se a mulher não receber um tratamento médico adequado, pode apresentar queixa. Na actual situação, nem queixa pode apresentar contra quem a maltratou. Nenhuma mulher merece estar sujeita ao actual estado de coisas.

É por este conjunto de razões que vou votar “SIM”. Porque se o “SIM” ganhar, nenhuma mulher será obrigada a recorrer à IVG. Mas se o “SIM” ganhar, as mulheres que não encontrarem outra alternativa se não abortar, têm direito ao apoio médico e têm direito de se queixar se forem maltratadas. Já é tempo de resolver da melhor forma uma realidade que existe desde sempre e que, até agora, apesar de ser proibida, não se conseguiu exterminar, nem mesmo com a ameaça de penas de prisão.Julgo que é justo tratar todas as pessoas de forma digna, principalmente quando estão numa situação de aflição. E quem decide abortar, sem qualquer dúvida, está numa situação de aflição.

Marisa Macedo